Gato preto
Ontem, assaltaram o carro a um colaborador deste blog (RSC): Levaram-lhe a carteira e um computador portátil. A mim, que também lá tinha deixado coisas, arrebataram-me uma mochila, chaves de casa e do carro, uma camisola de fino recorte da H&M, blocos com apontamentos e o último livro do V.S Naipaul.
Para nosso grande espanto, vários objectos de valor não tinham sido roubados; a saber: Uma bola de futebol oficial – feita pelas crianças mais experientes da Tailândia – uma caixa da série “Arrested Development” e vários adereços da nossa última peça.
Tendo em conta os objectos que não foram furtados, várias conclusões podem ser retiradas sobre os assaltantes: Jogam Basket no Algés, encontram-se satisfeitos com a reposição do “Joey” na Tv2 e não têm maneira de usar perucas.
No local estava o guionista/humorista FHM – a quem íamos dar boleia - que amavelmente se ofereceu para filmar o momento. É que parecendo que não, a ocasião daria um excelente Snack TV. Arrependo-me agora de não o ter incentivado a gravar. Mas, decerto, outras oportunidade surgirão.
Enquanto fazíamos contas aos estragos, eis que surge um veículo da PSP. A polícia é como os relatórios das SMS, vem sempre depois do mais importante. Lá dentro a típica dupla de polícias: A velha raposa e o observador. Um dia depois da catástrofe ainda guardo com benevolência as sábias palavras da velha raposa: “ Isto é um novo modus operandis”.
Claro que ficamos bem mais calmos, é sempre reconfortante saber que fomos vítimas de um novo modus operandis. Sossega-nos. Enaltece-nos.
A mim já ninguém me tira um novo dado para o meu CV: 2007 – Vítima de um inovador modus operandis
Ligam-nos da PSP de Oeiras com a informação que os nossos documentos foram encontrados por uma senhora, que gentilmente os foi deixar à esquadra.
Na esquadra verificámos que nem tudo estava perdido. Recuperámos vários objectos: a carteira (sem cartões de crédito), as minhas chaves de casa e do carro, V.S Naipaul e os blocos com apontamentos. Fiquei deveras abatido, porque, secretamente, tinha esperanças de que o delinquente sentisse que o meu material de Stand-up era digno de ser apresentado num Anfiteatro da Damaia.
Não é altura para condenar a nossa irresponsabilidade, afinal não é todos os dias que somos vítimas de um novo modus operandis.
SM

