quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Ainda o Festival

Parece que anda aí um burburinho por causa do texto que publiquei sobre o Festival, mais específicamente na parte que diz "nenhum stand-up comedian português teria hipótese de ter qualquer tipo de sucesso no Fringe".
Não queria dar muita importância a isto, mas aqui fica um breve esclarecimento:
Esta é uma opinião pessoal, não uma verdade absoluta ou uma lei. É uma coisa cá minha, pensar e até atrever-me a dizer estas coisas em vez de banalidades como "o humor português está a crescer" e "temos comediantes que podiam dar cartas lá fora, se quisessem". No futebol também há quem goste de ouvir jogadores que dizem "agora é levantar a cabeça e dar 100% no próximo jogo". Eu não gosto.
Depois, vou corrigir ligeiramente a frase. Aqui vai: nenhum stand-up comedian português teria hipótese de ter qualquer tipo de sucesso no Fringe, agora. Pronto. Asssim sim. Agora, porquê? Porque apesar de tudo, e deixando de fora desta guerra o Tochas, que já actua no Fringe com o seu "Palhaço Escultor", existem em Portugal três, quatro stand-up comedians (não mais) que podiam ter com algum sucesso um espectáculo em Edinburgh. Mas agora, nunca. Porque a diferença de ritmo, de postura, de escolha de palavras, de rigor e de trabalho que por lá se vê é tanta em relação a nós que para isso acontecer, muito, mas mesmo muito trabalho teria de ser feito primeiro por cá. E isso implicaria uma rotina de actuações que só muitos espectáculos ao vivo dão. Lidar com problemas na divulgação e promoção. Escrever muita coisa. Deitar umas fora, ir à SPA registar outras. Ensaios. Adereços. Figurinos. O nervoso de muitas salas cheias. O desgosto de algumas vazias. Contabilidade. Mais promoção. Enfim, uma canseira.
Se continuarem a não concordar comigo têm bom remédio: desmintam-me. Eu prometo que para o ano, compro bilhete para o vosso espectáculo no Fringe.
RSC