sexta-feira, 6 de junho de 2008

Episódios do nonagésimo classificado

Por norma, num qualquer torneio, só se é aplaudido quando se joga realmente bem. Esta afirmação tem tudo para ser verdadeira, isto se não considerarmos o facto de existirem torneios de Poker. Fui dos primeiros a ser eliminado, mas mesmo assim sai sob forte aplauso. Ouvi tantas palmas que, um segundo antes de abandonar o recinto, olhei para trás para me certificar se não estaria no "Chuva de estrelas". De facto não estava no programa da Sic. Até porque para isso precisaria de ter os olhos exageradamente repletos de rímel. Mais do que um convívio, jogar Poker é uma maneira de estar na vida. Excepto para os que jogam de óculos escuros, para estes é apenas uma oportunidade de se sentirem agenciados pela face models. Depois aos que jogam de Phones: não os condeno de maneira nenhuma, antes pelo contrário. Quer dizer, sou capaz de fazê-lo. Sobretudo se tiverem a ouvir sons de baleia para descontrair. Existem pessoas que conseguem adivinhar as cartas dos outros durante as partidas. E depois há outras que conseguem adivinhar os signos, mas isso também já me parece excessivo. Apesar de gostar de jogar nunca tive muito jeito para descobrir onde é que andam os royal flush, sempre tive mais jeito para dar palpites sobre calçado e tecer algumas considerações acerca da monarquia. Nestas lides são várias as superstições: uns têm número da sorte, outros só vestem aquela roupa para jogar. Eu tenho para mim que se não ouvir André Sardet antes de entrar já é meio caminho andando para um bom resultado. É curioso assistir-se ao crescendo das conversas na mesa. No princípio, como nem todos se conhecem, fala-se muito pouco ou quase nada. Ainda pensei que alguns fossem mudos, mas como não vi a senhora da linguagem gestual, aquela que costuma estar num quadradinho da televisão, não me pareceu que a minha ideia fosse viável.No entanto, com o desenrolar do torneio a coisa muda de figura. Tanto se pode discutir os problemas do Benfica, como se pode debater afincadamente algumas questões passadas a.C. Não posso deixar de falar sobre os croupiers, que basicamente estão ali para coordenar o jogo e, sobretudo, para não se fazer batota. É nesta última parte que eu sou contra a sua presença. Não sei se é por causa deste pormenor, mas em casa calha jogar muito melhor. Enfim, não percebo certas regras. Por exemplo, acho um preciosismo não se poder olhar para o jogo do adversário.É que eu nem sou pessoa de fazer batota publicamente.
SM