sexta-feira, 15 de junho de 2007

Destino: Amsterdão - A minha primeira crónica de viagem I

Chove na Amadora.
Mas quando nessa localidade alguém apanha um táxi rumo ao aeroporto, viagem essa que não se destine a outro país africano, a vontade é a de dançar. Não o faço por pudor, e, por ostentar umas calças de linho beges.

No aeroporto sou interpelado por um jovem de aspecto duvidoso. Pergunta-me: “Tens erva”? Respondo-lhe “Dá-me umas horas” e encaminho-me para o check-in. A garrafa de água não pode passar, dizem-me. Penso em discutir, mas depois lembro-me que o Free-shop é já uns metros à frente e compro uma de litro e meio.

Custa-me a perceber que mal pode fazer uma garrafa de água num voo de médio curso. Explicam-me educadamente que uma vez um passageiro se enervou, atirou uma, e lixou um olho a uma hospedeira. Assento, convencido. É um perigo.

Já sentado no interior do projéctil, após o apelo do comissário, percebo que a procura por Maddie se estende a todo o lado. Faço a minha parte: debaixo do meu banco não está. Por momentos, e antes da descolagem, quase tenho a certeza de avistar o seu olho mau a fitar-me. Pura ilusão: não passava de um berlinde perdido no chão do avião.

Já o dito aponta para o céu, dizem-me que tenho de desligar o portátil, recolher o banco e colocar o cinto. Explico que é o Football Manager, peço cinco minutos e olham-me com condescendência: enfim, gente que não percebe que é impossível interromper um Juventus-Inter a meio, quando o resultado é de um a zero (Del Piero ’12).

Descubro que partilho a viagem com mais dois portugueses, que por sua vez partilham um quarto no mesmo hotel que eu. Não tinham alianças nos dedos. Vou estar atento aos mesmos no regresso, espero não os ver vestidos com dois cachuchos de prata, iguais.

O hotel é bom, mas ‘verde’ – daqueles que não se pode fumar nos quartos. O que na Holanda faz tanto sentido como haver uma Disneylândia onde não se pode andar nas diversões.
Por ora, é tudo.
Chove em Amsterdão.
Rui "Cadilhe" Cordes